Apesar de, como indica o Observatório das Desigualdades, o número de estudantes universitários ter quase duplicado entre 1995 e 2023 (de 81 mil para 155 mil), quase todos eles enfrentam uma mesma realidade: a crónica falta de fundos.
Se as bolsas de estudo ajudam a mitigar algumas das dificuldades, o aumento do preço das propinas e o custo de vida no geral, transformam os estudantes universitários portugueses em verdadeiro nobéis da Economia para conseguirem pagar as suas obrigações financeiras e acabarem o seu curso.
Porque toda esta gestão é estafante e o verdadeiro trabalho dos estudantes deve ser, antes de mais nada, o estudo, vamos ajudá-los a poupar e estudar com mais tranquilidade através deste pequeno guia repleto de dicas financeiras.
Como um estudante pode fazer uma melhor gestão do seu orçamento mensal?
Um orçamento mensal é uma ferramenta essencial para qualquer estudante universitário e, ao contrário do que se possa pensar, não tem de ser complexo, senão vejamos.
Abrindo uma folha Excel ou utilizando uma das muitas apps financeiras que existem no mercado, como o Mint ou o YNAB, que o vão ajudar a monitorizar os seus gastos, deve listar e categorizar as suas fontes de rendimento (bolsas de estudo, trabalho, apoio da família, etc.), as despesas fixas (propinas, material de estudo, passes de transportes públicos, rendas, alimentação, etc.) e as despesas variáveis.
Depois de apurado a diferença entre estas duas rubricas e, assim, ficar com uma ideia mais pormenorizada de quanto é que está a poupar, é tempo de definir um limite para as despesas variáveis e medidas de poupança.
Quais as melhores estratégias de poupança?
Entre outras coisas, para conseguir aumentar a sua taxa de poupança, deve:
- Reduzir o número de saídas noturnas;
- Fazer o almoço em casa/almoçar na cantina da faculdade;
- Comprar livros e manuais em segunda mão e/ou optar por edições em formato digital (mais baratas do que as edições em suporte papel);
- Aproveitar as fotocópias, sebentas e apontamentos deixados por outros estudantes;
- Utilizar transportes públicos;
- Aproveitar os descontos para estudantes universitários que várias lojas e serviços lhe oferecem;
- Criar um fundo de maneio com uma parte do dinheiro que poupa que, regra geral, deve ser o equivalente a entre 3 e 6 meses de despesas essenciais;
- Abrir uma conta-poupança. Além de ser uma forma segura de guardar o seu dinheiro, várias soluções de contas poupança para estudantes em Portugal oferecem-lhe, ainda, vários benefícios e descontos em produtos e serviços;
- Arranjar um part-time. Apesar de nem sempre ser fácil conjugar o estudo com o trabalho, pondere arranjar um emprego perto da sua zona residencial/de estudo e, desse modo, obter algum rendimento extra para fazer face às suas despesas.
Para ajudá-lo nesta tarefa, procure perguntar juntos dos serviços académicos da sua faculdade se existem algum tipo de bolsas para pequenos serviços dentro do campus universitário.
Além de tudo isto, há algo que pode ajudá-lo a gerir os seus rendimentos: o planeamento do pagamento das propinas.
Como planear o pagamento das propinas?
A par das rendas, as propinas são, sem dúvida, um dos maiores sorvedouros de dinheiro que o estudante universitário tem de enfrentar.
Ainda que a elas não possa fugir, se planear o pagamento de propinas com antecedência e explorar opções de financiamento, como créditos pessoais, empréstimos estudante e planos de pagamento a prestações oferecidos pela sua instituição de ensino superior, conseguirá uma melhor gestão dos pagamentos.
Caso contraia um empréstimo estudantil, recomendamos que crie um plano de pagamento compatível com o seu orçamento mensal mantendo-se, simultaneamente, atento a opções de refinanciamento no caso de estas se revelarem necessárias.
Benefícios fiscais para estudantes universitários
Se se encontra deslocado, poderá usufruir de benefícios no IRS que, na prática, lhe permitem receber até 300 euros por ano para rendas.
Existe, ainda, o IRS Jovem que se aplica a todos os jovens até 35 anos de idade, por um período de 10 anos, desde que não sejam considerados dependentes.
Se se encontra dentro desta faixa etária, vai poder usufruir de uma isenção correspondente a um máximo de 55 vezes o valor do IAS (Indexante dos Apoios Sociais) que, em 2025, será de 522,50 euros ou, no limite dos 10 anos, de 28 737,5 euros em todos os anos em que a medida vigore da seguinte forma:
– 100% no 1.º ano;
– 75% entre o 2.º e o 4.º ano;
– 50% entre o 5.º e o 6.º ano;
– 25% entre o 8.º e o 10.º ano.